São nove ilhas plantadas em pleno Atlântico, cada uma dotada de encantos e personalidade própria. Nascidas de vulcões, mantêm a natureza como força maior: ora verde e luxuriante, ora árida e agreste. Um mundo inteiro, salpicado sobre azul.

Insularidade: dir-nos-á o dicionário que não se trata de mais que a “qualidade do que é insular”, ou seja, do que é “próprio de ilha”. Mas, para os habitantes de cada um dos nove territórios que compõem o arquipélago dos Açores, este é um modo de vida. O isolamento relativo trazido pela fronteira com o oceano tem vantagens: permitiu manter praticamente intocadas parte das tradições, costumes e paisagens destas ilhas, tornando-as um destino reconhecido e destacado nos meios nacionais e internacionais. Quem não quereria, afinal, uns dias no paraíso?

“Paraíso” poderá soar exagerado mas é difícil resistir ao uso do nome quando se está de frente para imagens como a imensa Lagoa das Sete Cidades, na ilha de São Miguel, onde a água se separa em verde e azul – um fenómeno explicado por uma lenda sobre um amor proibido entre uma princesa de olhos azuis e um pastor de olhos verdes, separados em vida mas unidos para sempre naquelas águas, compostas pelas lágrimas derramadas por ambos. Há uma justificação científica também, que atribui a diferença na coloração às diferentes algas que existem nos dois lagos, ligados por uma estreita passagem. Mas a maioria dos visitantes prefere ouvir a primeira explicação – e quem os pode censurar?

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Apesar da dimensão reduzida da maioria das suas ilhas (a maior das ilhas é São Miguel, com mais de 700km2), os Açores são terra de gigantes. Com escarpas imponentes, crateras vulcânicas e o ponto mais alto de Portugal, o Piquinho, no topo da montanha da ilha do Pico, a uns respeitáveis 2350m de altitude. Subir o Pico é uma das experiências mais incríveis destas ilhas – que necessita de ser bem planeada e idealmente acompanhada, já que também tem os seus riscos – mas existem vários trilhos em todas as ilhas para quem procura alternativas menos exigentes e até opções para quem prefere desfrutar da paisagem sem mexer um músculo, como as lagoas de águas quentes e cascatas naturais.

Subir o Pico é uma das experiências mais incríveis destas ilhas. Para os menos aventureiros, um bom cozido das Furnas seguido das vistas memoráveis da Lagoa das Sete Cidades são uma alternativa muito aconselhada.

Águas que aquecem a alma

Um dos locais mais conhecidos é o tanque de água termal do Parque Terra Nostra, no Vale das Furnas, ilha de São Miguel, alimentado por uma nascente onde a água brota a temperaturas entre os 35 e os 40ºC. Terra de géisers e fumarolas, não é só para banhos quentes que a força do vulcão das Furnas é aproveitada – é também aqui que se prova o famoso Cozido das Furnas, cozinhado ao longo de cinco a seis horas em buracos abertos no chão, sem recurso a mais nada senão ao calor geotérmico desta terra. É magia, novamente, à melhor forma açoriana. Porque é pela boca, também, que se provam as ilhas: no cozido das Furnas, no queijo de São Jorge, na alcatra da Terceira, no ananás de São Miguel ou no vinho do Pico, entre (muitos) outros.

Crédito: Visit Azores

Das ilhas mais movimentadas, como São Miguel, às mais isoladas, como o Corvo, onde os habitantes não chegam às quatro centenas, cada local tem os seus próprios segredos e argumentos. Mas entre as diferenças, há um ponto em comum que as une: o Atlântico. E é aqui, sob a superfície azul, que reside outro dos seus maiores atrativos: o mergulho. Em naufrágio, costeiro, em grutas, com tubarões… são mundos sob mundos. Para descobrir a escassas horas de voo e à distância de uma vida.

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